domingo, 30 de março de 2014

O que é o câmbio CVT?


Ei, talvez você aí do outro lado esteja na mesma situação que eu. Quase 4h da manhã de um domingo, com um assunto em mente enquanto espera o GP da Malásia de Fórmula 1 começar daqui a pouco.

Bem, eu estava na casa da minha tia mais cedo, e quando começamos a falar de carros, tentei explicar como é o funcionamento do câmbio CVT, pois uma das pessoas que estava lá possui um Nissan Sentra com esse tipo de transmissão. Só que é meio complicado para alguém explicar isso só com as palavras e as mãos. Ainda mais quando essa pessoa (eu) está muito mais para humanas do que para exatas. Acabei ficando com isso na cabeça, então vamos lá...

Apesar de ser pouco conhecido, o projeto dele aplicado à indústria automobilística já tem mais de século, e apareceu pela primeira vez no final da década de 50. Mas a origem do conceito é ainda mais distante. Adivinhem através de quem... Sim, ele de novo. O pintor, escultor, anatomista, matemático, engenheiro, botânico, poeta, músico, arquiteto... enfim: Leonardo da Vinci. O italiano da época da Renascença.

Mas o CVT só foi ficar mais popular no Brasil de 2000 pra cá. A sigla significa "continuously variable transmission", que em português deve ser algo como "transmissão de variação contínua" ou coisa parecida. Sendo ou não exatamente isso, a forma como eu chamei já faz sentido, dizendo exatamente o que ele é. E vocês já vão entender o motivo disso.




De uma forma mais simples, funciona como isso aí em cima. Dois cones. É, o CVT não tem marchas como nos outros câmbios, com engrenagens de medidas fixas. Hoje nos carros, é um pouco diferente disso aí, mas já dá pra ilustrar bem o funcionamento. Uma correia envolve as peças, que vão se ajustando na medida em que o motorista precisa de mais aceleração e velocidade. Como a correia vai deslizando por cada milímetro suavemente, são incontáveis combinações, feitas de forma bem suave sem que se sinta aquele "tranco" dos câmbios mais comuns, até nos automáticos.




A comparação de desempenho entre o automático (vermelho) contra o CVT (azul), está no gráfico acima. Enquanto a cada mudança de marcha, a rotação do automático cai um pouco para subir mais novamente, o CVT vai progredindo a sua aceleração ininterruptamente, pois ele não é de marchas.

Não consegue imaginar isso na prática? Então veja esse Renault Fluence acelerando:




Incrível, não? É como se tivesse apenas uma marcha, que vai se ajustando de acordo com o que se exige dela. As RPM se estabilizam em determinadas rotações, deixando o câmbio variar a sua medida, enquanto a velocidade continua aumentando. Isso proporciona o melhor do desempenho que o carro tem a oferecer, e da economia de combustível em relação aos outros câmbios.

Uma curiosidade, é que pelo menos teoricamente (eu não sei de ninguém que tenha tentado), o CVT pode fazer a mesma coisa andando para trás, como eu expliquei no post Tipos de Câmbio (no qual eu explico os cinco tipos de uma forma mais resumida, mas até satisfatória) de setembro do ano passado:

"Não há marchas nesse câmbio. Nem mesmo a marcha ré. É, é isso mesmo. Não estou ficando louco (não mais do que já sou - risos). Como assim? Calma, eu já explico. Tentando fazer isso de forma mais simples (até porquê esse sistema é mais simples), digo que há duas peças com o formato de cone, que substituem as marchas. Unindo esses dois cones, há uma espécie de correia. Conforme o giro do motor sobe, esses cones vão ajustando a correia nas partes mais largas deles. Por isso o CVT é chamado de 'câmbio de variação contínua'. Ele se ajusta de acordo com a necessidade do carro ou como o motorista está dirigindo. Para a ré, os cones giram ao contrário, ou seja: teoricamente, de ré ele pode atingir a mesma velocidade máxima que atinge andando pra frente."

E como ele é tão, digamos, maleável, há alguns carros com câmbio CVT que tem um modo "manual". Oi? No caso, o CVT simula marchas. Tantas marchas, em tais medidas, com relações fixas de mentirinha entre uma e outra etc..

Como é exatamente o funcionamento desse câmbio, na prática e de forma mais detalhada, pode ser visto neste vídeo:


Está em inglês, mas só de ver a movimentação das peças, já dá para entender. Acho que já está bom, né?


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Um abraço!
Paulo Vitor

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