sábado, 20 de dezembro de 2014

Algumas considerações e justificativas sobre o que eu disse

Pois não há problema ou vergonha em dar o braço a torcer de vez em quando. Pelo contrário, demonstra maturidade, mas sei que tenho que amadurecer em muitas coisas.

Depois desta última sexta-feira, achei necessário escrever isto, por causa desse texto: http://autoblogpv8.blogspot.com.br/2014/12/brasileiro-nao-gosta-de-esporte.html

É chato esse negócio de ficar querendo criar regra pra tudo, e muitas vezes nos pegamos fazendo isso em algum momento, para depois criticarmos o mesmo. Qual seria a forma certa de agir, então? Porque há uma linha muito tênue entre ser chamado de "pacheco" e de "vira-latas". Sempre vai ter alguém pra te rotular, e se você tenta mudar isso, alguém do outro lado vai fazer o mesmo, rotulando-o com aquilo que antes você não queria ser. Inclusive já fui chamado das duas coisas, mesmo sendo totalmente opostas. E nós mesmos também rotulamos às vezes, sem querer. Acaba sendo normal. Fazer o quê, né?

Vou falar o que serve pra mim, entenderam? Cada um sabe de si.

Eu nunca entendi nada de surfe, e provavelmente nunca vou entender. Não acompanho o esporte. Tenho a impressão de que é maneiro, mas sei lá... não rola aquela "química" como com o automobilismo, entendem?

Mesmo assim, tenho todo direito de parabenizar Gabriel Medina pelo grande feito dele representando o esporte nacional. É um feito dele, uma conquista dele. Ele é "o Brasil"? Olha... por mim, não. Mas isso vai de cada um, ok? Ele é um representante lá, com ou sem apoio do povo ou do governo. Mas ele não é todo mundo, obviamente. Cada um é cada um, e o país é o país. Essa é a forma como eu penso. É o certo que serve pra mim, que de repente não é o que é certo para outra pessoa e o meu certo não é mais do que o dela, e vice-versa.

Se o Medina quiser dedicar a conquista aos fãs, que o faça, perfeitamente válido e até louvável. Sempre vai ter um pra chamar isso de demagogia. Pode ser, pode não ser. Mas e daí? E quem sou eu para dizer que ele não pode fazer isso? Particularmente, não acho que seja. Acho que é o sonho de qualquer atleta poder fazer isso, sem qualquer maldade. Acabaria acontecendo de forma natural, por assim dizer. Eu mesmo, se fosse piloto (que sonho, hein PV?), ao ganhar um campeonato, levaria a bandeira do Brasil para uma voltinha na pista. Precisa disso? Não, pois como também não posso dizer que foi errado Nelson Piquet dizer "Dedico esse título à mim mesmo. Fui eu que conquistei.", até porque é dessa sinceridade do Nelsão que eu morro de rir. Ele falou alguma mentira? Gostem ou não disso, não, não falou nenhuma mentira.

Então cada um faz o que quer, o que se sente bem. Certo e errado são conceitos bem subjetivos, assim como cada um tem suas próprias verdades. O que é certo para um, é errado para o outro, e não necessariamente um deles tem razão e o outro não.

O título do Medina é muito bom para o esporte em si. Desperta o interesse do povo. Beleza. Só por que tinha um brasileiro ganhando, né? Já lá no topo, né? Claro que foi. Mas de alguma forma, esse interesse teria que ser despertado. Não estou me contradizendo no que disse antes. Quando Medina não surfar mais, e não tiver nenhum outro brasileiro candidato ao título, muitos, não todos, vão abandonar o esporte. Até aí, na minha opinião, tudo bem. Por mim o problema começa ao desfazer dos atletas (brasileiros ou não) e do esporte depois, querendo minimizar a conquista do estrangeiro, ou não valorizando um atleta nosso quando ele entrar numa má fase. Pode criticar? Claro que pode. Mas que o façam com argumentos, e não simplesmente "Felipe Massa não presta", como fez aquela mesma pessoa que era "fã" incondicional dele e da Fórmula 1 em 2008, quando quase foi campeão, e aí diz que "A F1 morreu com o Senna", mesmo nunca tendo visto este correr. Assim como eu também não vi, infelizmente. Queria ter visto não só ele, mas vários outros caras fodas.

É por isso que eu digo que brasileiro não gosta de esporte, mas sim de ganhar. Sem generalizar, é claro. A propósito, pensando bem, isso nunca foi exclusividade nossa. Serve para qualquer povo, oras. E se tiver um brasileiro disputando qualquer coisa, óbvio que vou torcer pra ele. Assim como o inglês vai torcer por um inglês, e por aí vai. Por mais que para alguns isso pareça irracional, ok, pode até ser, mas qualquer sentimento que criamos, não é algo que pode ser explicado. Mas aí com o brasileiro perdendo, tendo dado tudo de si ali, e eu não tendo nada com isso, quem sou eu para criticá-lo? Ou "melhor", cornetá-lo. Assim como não vou desfazer dos outros, nem do esporte. É certo? É errado? Já disse e repito: depende de pessoa pra pessoa.

É inegável que eu ficaria mais feliz com o brasileiro ganhando. Mudou minha vida? Não. Mas sabem como é a tal da felicidade... Aquela coisa tão frágil, que mesmo estando com saúde, não passando dificuldades, a gente ainda sente um vazio, e quando uma coisinha dá errado, pensamos que é o fim do mundo. Mas vamos arrumando uma alegria aqui e outra ali, buscando uma felicidade plena. Preenchemos esse espaço inclusive com o esporte, ou com filme, livro, música ou qualquer coisa. Triste como banalizamos isso, não? Às vezes me sinto um ingrato ou até egoísta (mesmo gostando de ajudar quando posso), por isso tento dar valor em tudo. Nossa, perdi totalmente o foco. Ah, e claro, poderia torcer por alguém de fora e por isso gostar da conquista dele. No GP do Japão de 2012, eu torci demais para o Kamui Kobayashi conquistar o único pódio da carreira dele na Fórmula 1, até porquê ele estava correndo em casa. E felizmente ele chegou em 3º. Mas cá entre nós, quando é do nosso país e simpatizamos com a pessoa, dá um gostinho a mais, não é mesmo?

Esse ano eu acompanhei a Super Formula. Já conhecia o campeonato, e sou apaixonado por aqueles carros. Mas dessa vez fiquei mais de olho na categoria. Por que? João Paulo de Oliveira, brasileiro, disputou o título até a última corrida, perdendo para Kazuki Nakajima. Digo que se não fosse pela batida com André Lotterer (na qual este foi culpado, mas tudo bem), também candidato ao título, em uma das últimas corridas, JP poderia ter saído campeão, pois até então liderava o campeonato e foi isso que o tirou do topo. E aí? Nakajima fez por merecer também, e com certeza também teve seus problemas ao longo da temporada. JP continua sendo um dos nossos melhores pilotos atuando no exterior, e Lotterer também é muito bom. E a Super Formula, que é quem tem mais a ganhar com caras desse calibre competindo nela, continua sendo um campeonato sensacional.

Fórmula 1 foi modinha na época do Senna? Foi. Mas e daí? Hoje todo mundo sabe quem foi o Senna. Uma pena muitos desses não valorizarem outros pilotos brasileiros, e diminuírem conquistas de outros pilotos. É isso que eu quis dizer que é o problema, gente. Alguns como eu, ainda gostam da categoria como um todo, até torcem por brasileiros (e vou elogiar ou criticar seu desempenho quando eu achar que devo fazê-lo), mas pelo menos eu não dependo disso para acompanhar a categoria, pois eu gosto é do esporte. Assim como por exemplo muita gente gosta de acompanhar campeonato de futebol espanhol, inglês, francês, português etc. Quando a gente gosta do negócio, vish... eu mesmo já vi corrida até de cortadores de grama. Sério. Duas vezes. Tênis foi modinha na época do Guga? Também. Mas hoje todo mundo sabe quem é o Guga, e muitos reconhecem o talento dos nossos e dos outros tenistas. Entre vários outros exemplos de outros atletas em outros esportes.

E o surfe? Bem, conversando com um amigo ontem, eu percebi que nunca foi modinha. Sempre tivemos atletas profissionais nessa modalidade. Porém só agora um foi campeão mundial. Desfazer dos outros? Jamais! E simplesmente por praticar o esporte, aí que nunca foi modinha mesmo, pois vá em qualquer praia (não deserta, claro) do Brasil, que você vai ver um bom número de surfistas.

E tá, vai que é modinha. Quando Medina se aposentar, sendo mais velho do que Kelly Slater, que tem 42 anos, compete até hoje, todo mundo sabe que é um gigante do surfe (mesmo não entendo nada do esporte, assim como eu), mas que foi derrotado por Medina e nem por isso deixa de ser um cara espetacular, enfim, voltando, quando Medina se aposentar, tendo ou não mais títulos, quase todo mundo que deu valor na conquista dele de ontem, vai continuar valorizando.

E aquela pessoa que só por causa do Medina resolveu acompanhar o surfe? Muita gente que já acompanhava, parece que se sente ofendida com isso. Mas ela não é nada menos digna por causa disso. De repente acaba gostando do esporte como um todo, o que é melhor ainda. O entendido que "caga regra" (com o perdão da palavra) também se interessou de repente e não nasceu sabendo, certo? Eu comecei a acompanhar Fórmula 1 de perto só em 2010, e ficava sem entender bastante coisa. Hoje, ainda não entendo muita coisa, mas também aprendi bastante de lá pra cá. E poxa, fico tão feliz quando alguém novo se interessa, que fico até empolgado em explicar como funciona. Assim como conheci muita gente entendida através do Twitter e do Facebook, que com toda paciência do mundo, me ensinaram muita coisa. Por isso sou muito grato e tento fazer o mesmo. Gabriel mandou bem demais!

É que nem aquele mimimi de "ai, você é poser da banda", como diz o fã que se sente na obrigação de conhecer cada membro desta, saber da vida pessoal de cada um deles, da discografia, dos detalhes desta, da história da banda, e quem sabe menos do que isso é indigno de se dizer fã também. Se interesse, saiba mais. Quanto mais, melhor pra você. Mas não é uma obrigação, nem pra você e nem pra ninguém. Quando falei "fã de surfe desde criancinha" no outro post, foi mais como uma brincadeira, mas ao mesmo tempo também uma crítica para quem desconsidera a trajetória do atleta para ele chegar ao topo do esporte.

Bem, acabei indo muito mais longe do que planejava...

Essa é a maneira como eu me sinto bem de ser, e é só isso que me importa. Assim como penso que cada um deveria fazer o mesmo. Não o mesmo de igual a mim. Lógico que não. Não estou ditando nada. O mesmo no sentido de se comportar da forma que se sentir bem. Como eu disse, certo e errado são subjetivos.


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Um abraço!

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